segunda-feira, 11 de julho de 2011

O Apedrejamento de Soraya M. (The Stoning of Soraya M.)

Abandonado em uma remota aldeia iraniana, um jornalista (Jim Caviezel) francês é abordado por Zahra (Shohreh Aghdashloo), uma mulher que tem uma história horrível para narrar sobre sua sobrinha, Soraya (Mozhan Marnò), e as circunstâncias da sua morte sangrenta no dia anterior. Enquanto o jornalista liga o gravador, Zahra nos leva de volta ao começo da história que envolve o marido de Soraya, um falso mulá (líder da mesquita muçulmana), e uma cidade envolta em mentiras, repressão e pânico. As mulheres, despojadas de todos os direitos e sem recursos, nobremente confrontam os desejos devastadores dos homens corruptos, que usam e abusam da autoridade para condenar Soraya, uma esposa inocente, mas inconveniente, a uma morte injusta e cruel. Um drama sobre o poder do crime, um mundo fora da lei e a falta de direitos humanos para as mulheres. A última esperança de alguma justiça está nas mãos do jornalista, que deve escapar com a história – e sua vida – para que o mundo tome conhecimento.

Foi muito difícil para mim, como mulher, assistir ao filme em questão. As barbáries que ocorreram (e ainda ocorrem!) nos anos do líder aiatolá e em nome de interpretações maldosas e absurdas do Alcorão, são inacreditáveis de tão bestiais.
Um cachorro sarnento é mais bem tratado do que uma mulher. Ser mulher é sinônimo de desprezo, de escravidão, de objeto de desejo e de troca, apenas.
O filme, baseado em fatos reais que estão narrados no livro homônimo do jornalista franco-iraniano Freidoune Sahebjam, conta a história de Soraya Manutchehri, uma mulher condenada à morte depois de ser acusada de adúltera pelo marido infiel que, na verdade, além de espancá-la, queria mesmo era se casar com outra mulher por causa do dinheiro.
O longa mostra com cores fortes o momento do apedrejamento. Isso por si só já embrulha o estômago de qualquer pessoa que acredita na justiça acima de tudo e não em uma justiça em que “se a mulher é acusada, ela deve provar que não é; se a mulher acusar o marido, ela deve provar que ele é, ou seja, a mulher é sempre a culpada de tudo”, como bem sintetiza a personagem de Zahra, tia de Soraya.
O pecado do filme foi não ter sido mais ousado. Deveria mostrar com mais ênfase a realidade da mulher iraniana e assim servir de alerta a todos para o que acontece em países como esse. É um absurdo termos, em pleno século 21, sociedades machistas que interpretam, em benefício próprio, as Sagradas Escrituras. Nunca li o Alcorão, embora tenha curiosidade de fazê-lo (e ainda o farei), mas acredito na justiça divina e algo me diz que o profeta jamais falara ou daria como exemplo de correção uma atitude insana como essa; seja lá para quem for.
Eu creio em um Deus misericordioso. Eu ainda creio na humanidade. Eu preciso acreditar que o ser humano é um ser do bem e feito para fazer o bem. Por isso, desejo, de todo o meu coração, que a morte de Soraya e de todas as mulheres que passaram e passam por essa situação, não tenha sido em vão!

Nota: 8

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O Apedrejamento de Soraya M. (The Stoning of Soraya M.)
Diretor: Cyrus Nowrasteh
Atores: Shohreh Aghdashloo, Mozhan Marnò, Navid Negahban, Jim Caviezel
2008, drama biográfico

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