domingo, 27 de junho de 2010

Shrek para sempre (Shrek forever after)

Shrek virou um homem de família e, ao invés de ficar assustando os moradores locais, agora, o ogro vive dando autógrafos. Sentindo falta do passado, quando realmente se sentia como um ogro, Shrek assina um contrato com o falante Rumplestiltskin, que resulta em uma tragédia. Sua vida muda completamente, ele passa a viver em mundo que é o oposto do Reino Tão Tão Distante, em que os ogros são caçados. Agora, só Shrek pode desfazer seu erro, salvando seus amigos, sua terra que corre risco e mostrar a sua esposa Fiona que realmente a ama.

Impossível não se apaixonar por Shrek, Fiona, Burro e o Gato de Botas. Foi assim nos dois primeiros filmes e, mais uma vez, comprovado no terceiro.
Basicamente a história gira em torno de algo que, mais dia ou menos dia, sempre descobrimos: Não sabemos que temos uma vida perfeita até que a perdemos. E é esse conhecimento que Shrek adquire a duras penas. Porém, quando se tem amigos, - ele recupera a amizade de um por um -, as lições da vida são consideravelmente menos sofridas.
Cheio de momentos hilariantes, como a primeira cena do Gato de Botas, sofrendo com o excesso de bom tratamento, vamos dizer assim, e o reencontro do Burro com sua esposa, Arghelia, o dragão, Shrek continua sendo um programão para toda a família.

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Shrek para sempre (Shrek forever after)
Diretor: Mike Mitchell
Vozes: Mike Myers, Cameron Diaz, Eddie Murphy, Antonio Banderas
2010, animação

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Pela sexta primeira vez

Pela 6ª. vez comecei a reler os livros da coleção Harry Potter, de J.K. Rowling. Sempre fui devoradora voraz de livros e, também, de e-books (infelizmente minha conta bancária não acompanhou os preços exorbitantes dos livros), mas nenhum tinha me conquistado a ponto de ler pela sexta vez e com o mesmo olhar curioso, como da primeira vez.
Fui apresentada as aventuras de Harry, Rony e Hermione, meio que sem querer. O quarto filme já estava prestes a estrear e eu não dava a mínima. Fala sério! Eu, quase 40 anos e vendo filme para criança. Fala sério! Só que uma grande amiga minha perguntou-me meio incrédula: “Você nunca viu os filmes? O meu filho tem os 3 DVDs, vou emprestar pra você. Tenho certeza que você vai gostar.” Ela emprestou e aí... lascou! Fui picada pelo mosquito da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Comprei todos os livros, todos os DVDs e ainda fiz a minha afilhada, Lara, hoje com 11 anos, conhecedora e fã incondicional de Harry Potter (ela já releu 7 vezes, todos os livros).
Mas o que os livros de J.K. Rowling têm de especial, a ponto de vender mais de 490 milhões de exemplares, mundialmente, transformando a franquia “Harry Potter” na mais lucrativa dos últimos anos?
A história é básica: uma criança que, protegida pela magia mais forte e mais antiga, lançada por sua mãe, é a única sobrevivente a fúria Daquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado, Lord Voldemort. Órfão com 1 ano de idade, Harry foi criado pelos seus tios trouxas (todo aquele que não é bruxo é trouxa). Aos 11 anos, Potter descobre que é bruxo, e muito famoso, e que tem vaga na Escola de Hogwarts. Ao mesmo tempo, o Lord das Trevas retorna sedento por vingança.
Cada livro equivale a 1 ano na vida do herói e seu conteúdo também vai amadurecendo conforme ele e seus amigos crescem. Os temas giram em torno da luta do bem x o mal, a importância do amor familiar e dos amigos, coragem, ambição, escolhas, amores, perseverança, preconceitos... Tudo isso escrito de uma maneira leve, gostosa e cativante. Como não se apaixonar?!
Claro que existem aqueles (e sempre existirão) que não leram e falam várias bobagens a respeito, apenas porque o herói do livro é bruxo! Com esse tipo de gente eu nem discuto, já que deve ser bem mais fácil fazer um pré-julgamento do que pegar um livro para ler. Imagina se vou polemizar com analfabeto funcional?! Sem chance!
O fato é que sou fã confessa e já estou me preparando para a primeira parte do sétimo e último filme, relendo todos os livros. Estou ansiosa para a estréia do “As Relíquias da Morte”, mas ao mesmo tempo meu coração está apertado, por saber que a saga, nos cinemas, daquele que deixou de ser, há muito tempo, bruxinho, está acabando. Esse sentimento ambíguo acomete todos os apaixonados por Harry Potter, mas isso é assunto para outro post.

domingo, 13 de junho de 2010

Quando a única saída é o fim

“O Escafandro e a Borboleta” - Jean-Dominique Bauby (Mathieu Amalric) tem 43 anos, é editor da revista Elle e um apaixonado pela vida. Mas, subitamente, tem um derrame cerebral. Vinte dias depois, ele acorda e descobre que está paralisado: o único movimento que lhe resta no corpo é o do olho esquerdo. Aprende a se comunicar piscando e cria um mundo próprio, contando com aquilo que não se paralisou: sua imaginação e sua memória.

“Mar Adentro” - Ramón Sampedro (Javier Bardem) é um homem que luta para ter o direito de pôr fim à sua própria vida. Na juventude ele sofreu um acidente, que o deixou tetraplégico e preso a uma cama por 28 anos. Lúcido e extremamente inteligente, Ramón decide lutar na justiça pelo direito de decidir sobre sua própria vida, o que lhe gera problemas com a igreja, a sociedade e até mesmo seus familiares.

No último final de semana resolvi assistir ao filme “O Escafandro e a Borboleta”. Eu já tinha lido o livro, mas ainda não tinha tido a oportunidade de ver a película e adorei. Achei perfeita, conforme o livro. Aliás, o filme remeteu-me a outro, muito bom também, chamado “Mar Adentro”. Ambos levaram-me a uma reflexão profunda e contundente.
No início do “O Escafandro...”, o neurologista, Dr. Alain Lepage, explica exatamente o que aconteceu com Jean-Do, sem meias palavras e sem doses anestésicas... “No passado, você provavelmente teria morrido de um derrame. Mas agora as técnicas de reanimação progrediram a ponto de podermos prolongar a vida.” Aí eu pergunto a mesma coisa que Jean-Do pensou: “Isto é vida?”
Ser prisioneira dentro do seu próprio corpo, isso é vida? Vegetar em cima de uma cama, isso é vida? Não poder falar, apenas se comunicar com piscadelas, isso é vida? Sejamos sinceros: isso não é vida!
Não adianta livros de auto-ajuda, orações ao bom Deus, palavras de força e ânimo porque nada disso fará eu mudar de idéia. Prefiro que desliguem as máquinas, prefiro que me libertem, prefiro a saída final e digna. Não quero saber de organizações religiosas pregarem o inferno eterno para mim ou para quem desligar as máquinas, porque nem mesmo o inferno deve ser pior do que ficar vegetando e sentindo os olhares piedosos das pessoas que, por ventura, estarão ao meu lado.
No “O Escafandro...”, Jean-Do não tem nem “direito” de reclamar da “vida” que leva. Ao piscar os olhos e ditar as palavras, o interlocutor logo rechaça o seu momento de desabafo. Já no “Mar Adentro”, Ramón pode soltar toda a sua ira, toda a sua frustração, já que não perdeu a voz.
Nos momentos finais, Ramón deixa, em gravação, o testemunho dos anos "vividos" e sua decisão final, mas não menos sofrida: “Caros juízes, autoridades políticas e religiosas. O que significa para vocês dignidade? Seja qual for a resposta das suas consciências, saibam que para mim isto não é viver dignamente. Eu queria, ao menos, morrer dignamente. Hoje, cansado da preguiça institucional, vejo-me obrigado a fazê-lo às escondidas, como um criminoso. (...) Considero que viver é um direito, não uma obrigação, como foi no meu caso. Forçado a suportar esta penosa situação durante 28 anos, 4 meses alguns dias. Passado este tempo, faço um balanço do caminho percorrido e não me dei conta de ter havido felicidade. Só o tempo que passou, contra a minha vontade, durante a maior parte da minha vida, será a partir de agora o meu aliado. Só o tempo e a evolução das consciências, decidirão algum dia, se o meu pedido era razoável ou não.”
Não ousem pensar que essa saída é a mais fácil, ou que é uma saída covarde, pois não é. Muito pelo contrário, essa saída é a mais difícil, a mais dolorosa e a mais corajosa de todas. É uma saída extremamente racional, mas carregada de emoção.

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O Escafandro e a Borboleta (Le Scaphandre et le Papillon)
Diretor: Julian Schnabel
Atores: Mathieu Amalric , Emmanuelle Seigner , Marie-Josée Croze , Anne Consigny
2007, drama


Mar Adentro (Mar Adentro)
Direção: Alejandro Amenábar
Atores: Javier Bardem, Belém Rueda, Lola Dueñas
2004, drama

terça-feira, 8 de junho de 2010

A Viúva Clicquot (The Widow Clicquot)

Adoro biografias, principalmente de pessoas audaciosas, arrojadas e criativas. Por isso, quando ganhei um marcador de livros divulgando o livro “A Viúva Clicquot”, a frase “A história de um império do champanhe e da mulher que o construiu” me convenceu e não pensei duas vezes: comprei o livro. Aí veio a minha surpresa...
Não que o livro seja ruim. Ele não é! Ele é bastante interessante e até aprendi coisas curiosas sobre a champanhe, por exemplo: o porque do uso das rosas nas plantações de uva; a temperatura certa que o vinho deve ser guardado; o “segredinho sujo” da industria atual dos vinhos “rolhados”; fungos comendo a cortiça; etc. Só que eu queria saber mais sobre Barbe-Nicole Clicquot Ponsardin, que em 1805, aos 27 anos, ficou viúva e assumiu o controle dos negócios do falecido marido, François, em uma época em que, para a maioria das mulheres, trabalhar não era permitido e nem bem visto.
Porém, com o passar das páginas e as observações finais, descobri a dificuldade que a autora americana Tilar J. Mazzeo, teve em conseguir informações sobre Barbe-Nicole, já que de 1805 (antes até) para cá, a França passou por reinados, revoluções, guerras, pestes, 2 grandes guerras, etc.
Mesmo assim, somos brindadas com a transcrição de uma das cartas que conseguiu passar incólume pelo tempo. Nela, a grande dama da champanhe abre seu coração e desejos à sua bisneta, Anne: “(...) O mundo está em perpétuo movimento e precisamos inventar o amanhã. É preciso passar à frente dos outros, é preciso ter determinação e exatidão, e deixar a inteligência conduzir sua vida. Aja com audácia, talvez você também venha a ser famosa...!”
Assim sendo, para quem quer obter algum conhecimento sobre o início do império do champanhe, o livro é perfeito. Agora, para quem, como eu, queria maiores informações sobre a vida de Barbe-Nicole, a Veuve Clicquot, o livro não me saciou completamente, mas me deu uma vontade incrível de saborear uma taça da Veuve Clicquot-Ponsardin.

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A Viúva Clicquot (The Widow Clicquot)
Autora: Tilar J. Mazzeo
Editora Rocco