segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Cavalos Partidos (Half broke horses)

No seu livro de estréia (a autobiografia “O Castelo de Vidro”) Jeannette Walls, com seu texto simples, preciso e cativante, mas sem perder a candura e o humor, já tinha me conquistado. Quando soube que o segundo livro já estava nas lojas, não pensei duas vezes e comprei. Em “Cavalos Partidos”, Jeannette narra a história de sua avó materna, Lily Casey Smith. O livro é escrito na 1ª pessoa, porque a autora “queria captar a voz peculiar dela, da qual me lembro bem”.
Jeannette tem aquele dom que só os grandes escritores possuem: de nos transportar à época em que se passa a história e de nos fazer querer conhecer as pessoas retratadas em seus livros. Adoraria conhecer Lily e ter o prazer de escutá-la contando algumas passagens de sua vida, além de vê-la tirar e mostrar, com orgulho e felicidade genuína, a belíssima dentadura de porcelana branca e brilhante.
Segundo a autora, originalmente, o livro deveria ser sobre a infância de sua mãe, Rosemary Smith Walls, mas el “insistiu no fato de que sua mãe era quem tinha tido uma vida verdadeiramente interessante”. Assim foi feito.
Tendo como pano de fundo a Lei Seca, a Grande Depressão e a 2ª. Guerra Mundial, a história de Lily é cheia de aventuras, batalhas, alegrias e tragédias. Uma delas eram as inundações que ocorriam em Salt Draw, no Texas, onde tinham uma fazenda. Certa vez a mãe preferiu subir com os outros 2 filhos para uma colina a fim de rezar, enquanto Lily, com 8 anos, ficou em casa com 2 empregados para jogar a água para fora, com baldes e panelas. Claro que não conseguiram e a casa desmoronou enterrando tudo. “Depois fiquei muito chateada com a mamãe. Ela ficou dizendo que a inundação era um desígnio de Deus, e que tínhamos que aceitar os acontecimentos. Mas não era assim que eu via as coisas. Para mim, aceitar parecia muito com desistir. Se Deus nos deu força para jogar baldes d’água e garra para nos salvar, não era isso que ele queria que fizéssemos?” Essa era a Lily.
Força, garra, coragem, espírito aventureiro e desbravador, para Lily a frase “o céu é o limite” era apenas um obstáculo a ser ultrapassado. Ela pode até não ter tido as melhores cartas de sua vida, mas soube usar, e muito bem, as que ela tinha em mãos. Uma lição de vida e um tapa na cara para muitos de nós.
O livro é maravilhoso e recomendo a sua leitura para todos que gostam de uma história bem contada. Já estou ansiosa pelo terceiro... O que será que Jeannette Walls nos reservará?

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Cavalos Partidos (Half broke horses)
Autora: Jeannette Walls
Nova Fronteira

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