sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Rio de Janeiro – o céu e o inferno bem aqui

No dia 21 de novembro passado, a cidade do Rio de Janeiro sofreu uma tsunami de ataques criminosos que espalharam terror pelas ruas da zona sul, norte, centro, baixada e até Região dos Lagos.
No dia 25 de novembro, para conter a violência, policiais militares e civis, com apoio das Forças Armadas e da Polícia Federal e Florestal, fizeram uma megaoperação em favelas historicamente controladas por traficantes: Vila Cruzeiro e, dois dias depois, o Complexo do Alemão, ambas na zona norte da cidade.
O balanço desta operação resultou, por enquanto, em 114 presos, cerca de 300 armas (fuzis, pistolas, metralhadoras, 1 bazuca etc) e 38 granadas apreendidas, além de 33,3 mil quilos de drogas. O comandante-geral da Polícia Militar do Rio estima em pelo menos R$100 milhões o prejuízo financeiro causado ao tráfico do Rio.
Ouvindo e lendo sobre esses acontecimentos, confesso que me emocionei ao ver as bandeiras do Brasil e do Estado do Rio fincadas no alto do morro do Alemão. Mas é fácil emocionar-me no aconchego do meu lar, bem longe da confusão, assistindo a tudo na telinha da minha televisão.
Não vou aqui bater na tecla de que isso aconteceu devidos aos anos de descaso que o Rio tem sido vítima. Todos nós já sabemos disso. Eu quero é saber o que será feito para, realmente, termos paz para vivermos, principalmente a enorme população que (sobre)vive na exclusão.
É ótimo saber que duas comunidades do valor da Vila Cruzeiro e do Alemão tiveram os bandidos expulsos (espero!), mas o que acontecerá de agora em diante? Trocar traficantes por milicianos é o mesmo que tirar a roupa de um santo para cobrir o outro. Pior até ! Bandido é bandido, mas bandido uniformizado, fardado, é uma afronta em todos os sentidos.
Faz-se necessário que o Estado cumpra com as suas obrigações básicas. Até o grupo Titãs, na música “Comida”, fala sobre isso quando resume a necessidade do povo cantando: “A gente não quer só comida / A gente quer comida / Diversão e arte / ... / A gente não quer só comer / A gente quer prazer / Prá aliviar a dor...”
O que falta aos políticos e as pessoas que detêm o poder é a vontade de fazer o correto, mesmo que levem anos; mesmo que para isso cabeças (e serão muitas) sejam decepadas; mesmo que obras invisíveis aos olhos sejam (e como são) necessárias.
Espero, no fundo do meu coração, que esse seja o início do fim e que uma nova era de igualdade nas áreas da educação, do social, da cultura, do profissional, da saúde realmente ocorra. Óbvio que a criminalidade não desaparecerá, até porque Shangrilá é um lugar que não existe, mas com os direitos essenciais acessíveis ao povo TODO, a diminuição do índice não seria uma utopia, mas um fato.

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